Segunda, 08 de Setembro de 2025
Pela primeira vez, o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ) recebe a Mostra de Cinemas Africanos (MCA), de 10 a 15 de setembro. O festival, criado em 2018, é dedicado à exibição de filmes contemporâneos produzidos no continente africano.
A mostra já passou por diversas cidades brasileiras e, desta vez, integra a Temporada França-Brasil 2025, trazendo uma seleção de 15 longas e cinco curtas de 11 países africanos para o Rio. Além do Rio, o festival também será realizado em Salvador (BA), Cachoeira (BA) e São Paulo (SP).
A entrada é gratuita, com ingressos disponíveis a partir das 9h na bilheteria do CCBB. A programação completa pode ser conferida no site do CCBB.
A curadoria é de Ana Camila Esteves e Jacqueline Nsiah. Os filmes selecionados já foram exibidos em festivais internacionais como Cannes, Locarno, Tribeca e Berlinale. A maioria das obras é inédita no Brasil.
Em entrevista à Agência Brasil, Ana Camila Esteves afirmou que o festival busca aumentar o repertório de filmes africanos contemporâneos no país, além de desafiar e desconstruir estereótipos sobre o continente africano através do cinema.
"São filmes que não passam aqui", resumiu ela. "A gente assiste a esses filmes em outros festivais no mundo inteiro, mas o Brasil não estava entre essas janelas de visibilidade para estes filmes”.
“A escolha por filmes contemporâneos foi porque os mais antigos e as retrospectivas de cineastas [africanos] já tinham exposição no Brasil. Hoje, somos o único festival continuado no Brasil dedicado exclusivamente a filmes africanos contemporâneos”, completou.
Ana Camila expressou sua satisfação em realizar o festival no CCBB, destacando a qualidade da curadoria de cinema do espaço.
Ana Camila Esteves ressalta a diversidade dos cinemas africanos, destacando as diferenças estéticas, narrativas e condições de produção entre os países do continente.
Ela exemplifica que países como Senegal têm mais condições de produção cinematográfica do que Quênia ou Etiópia, e que há produções mais autorais, como em Burkina Faso, e outras mais comerciais, como na Nigéria e África do Sul.
Como essa é a primeira edição no Rio de Janeiro, alguns filmes que já participaram de festivais anteriores foram resgatados, incluindo uma sessão especial do nigeriano Mami Wata, com a presença da diretora de fotografia Lílis Soares.
Ana Camila lembrou que o Rio de Janeiro já tem o Encontro de Cinema Negro, criado pelo cineasta Zózimo Bulbul. A diferença é que a mostra será focada apenas em filmes africanos.
“Enquanto no Zózimo Bulbul é o cinema negro brasileiro, da diáspora, do Caribe e da África, o nosso é só África. É um foco que oferece ao público uma experiência. Uma imersão muito especifica no continente africano. A gente não discute muito a questão da diáspora, outros festivais têm exercido esse papel de forma fantástica. O nosso caso é muito voltado para o continente africano e pensar nas questões do continente, pautadas pelas pessoas que são africanas e vivem lá. Acho que, neste sentido, é uma iniciativa e uma experiência nova que a gente oferece”, complementou.
Ana Camila destacou O Fardo da Nigéria (When Nigeria Happens, Nigéria, 2025), que abrirá o festival, e Demba (Senegal, 2024), que encerrará a mostra. A programação também inclui Sobre Quando Quebrei o Silêncio (On Becoming a Guinea Fowl, coprodução entre Zâmbia e EUA, 2024).
Nesta edição, a cinematografia da Nigéria está em evidência. Ana Camila fez uma viagem ao país e firmou uma parceria para trazer uma sessão de curtas selecionados por um festival nigeriano.
Além disso, a programação tem longas nigerianos que são acompanhados pela diretora em festivais ao redor do mundo. “Decidi fazer esta coleção de filmes nigerianos contemporâneos aqui no Brasil, para que as pessoas conhecessem o que está sendo feito por lá nos últimos dois, três anos”, afirmou, lembrando que são cinco longas e sete curtas.
Os interessados em ampliar o conhecimento sobre o cinema nigeriano podem se inscrever em um minicurso ministrado por Ana Camila Esteves.