Sexta, 09 de Maio de 2025
Três Lagoas enfrenta um cenário alarmante de abusos sexuais, com números crescentes e casos recentes envolvendo crianças chocando a população. Segundo dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul (Sejusp-MS), 21 registros foram feitos este ano, dos quais 13 têm como vítimas crianças de 0 a 10 anos. Adolescentes, adultos e idosos também aparecem nas estatísticas.
No dia 20 de abril, um bebê de 10 meses foi vítima de estupro na casa da bisavó. A criança permanece internada, e exames confirmaram a violência. O caso é acompanhado pelo Conselho Tutelar. De acordo com o boletim de ocorrência, a mãe deixou a filha sob os cuidados da idosa no último dia 19 de abril e, ao buscá-la no dia seguinte, percebeu alterações no comportamento e inchaço nas regiões íntimas. A polícia foi acionada, e o principal suspeito, companheiro da bisavó, foi preso em flagrante no dia 21.
Paulo Molina, conselheiro tutelar, explicou que o crime se enquadra como estupro de vulnerável, previsto no artigo 217-A do Código Penal, com pena que pode superar oito anos. "O delito é classificado como hediondo", destacou. Ele ainda relatou que novas denúncias chegaram ao órgão após o ocorrido.
Outro caso, ocorrido em 20 de abril, envolveu uma menina de quatro anos, que sofreu tentativa de estupro no Residencial OT. A criança brincava na rua quando foi abordada por um homem, que a arrastou para um terreno baldio. Os gritos da vítima alertaram um familiar, que interveio. O agressor, vestindo calça jeans e sem camisa, fugiu sem ser identificado. A Polícia Militar realizou buscas, mas não o localizou.
Dados nacionais
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024 revelou um aumento de 8% nos casos de estupro de vulnerável em Mato Grosso do Sul entre 2022 e 2023. Três Lagoas ocupa a sétima posição no ranking nacional e a segunda no estado, atrás apenas de Dourados, com média de 88 denúncias a cada 100 mil habitantes.
A legislação define estupro de vulnerável como atos libidinosos ou conjunção carnal contra menores de 14 anos ou pessoas incapazes de resistir. Em Três Lagoas, a maioria dos investigados tem relação próxima com as vítimas, como familiares ou cuidadores. Mulheres também podem responder criminalmente se omitirem diante da violência.